Salve Maria!

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terça-feira, 12 de julho de 2011

Maria é a esperança da raça humana


Muitos não-católicos não compreendem que chamemos Maria de nossa esperança e que lhe digamos: “Esperança nossa, salve!” Apenas Deus, segundo eles, é nossa esperança, e condenam todos os que colocam sua esperança nas criaturas: “Maldita a pessoa que confia no ser humano” (Jr 17,5). Se Maria é uma criatura, como pode ser nossa esperança? Isso é o que dizem os não-católicos. Apesar disso, manda a Santa Igreja aos sacerdotes e religiosos que elevem a cada dia sua voz em nome de todos os fiéis e invoquem Maria: “Esperança nossa, salve”.
Há duas maneiras de colocar a esperança em alguém: como causa principal ou como mediante. Quem precisa de um favor do rei o espera como de seu soberano. Mas é possível que o favor seja recebido através de um ministro ou valido, na condição de intercessores. O favor vem principalmente do rei, mas pela intercessão do valido. Quem solicita uma graça, portanto, considera com toda a justiça seu intercessor como sua esperança.
Pode ser a bondade infinita, o Rei do céu deseja ardentemente nos cumular de graças. Por nossa parte, devemos ter confiança, e foi para estimular essa confiança que Deus nos deu por mãe e por advogada sua própria mãe, concedendo-lhe plenos poderes para nos ajudar. Ele quer que peçamos a ela nossa salvação e todos os outros bens. Colocar a confiança em meras criaturas, sem referência a Deus, é coisa que fazem os pecadores: eles ultrajam a Deus procurando apenas amizade e o favor do homem. São amaldiçoados por Deus, como diz Jeremias. Mas os que contam com Maria são abençoados por Deus e agradáveis ao seu coração. Na qualidade de Mãe de Deus, ela pode obter-lhes a graça e a vida eterna. Deus quer vê-la venerada, pois Maria amou e louvou a Deus neste mundo mais do que todos os homens e anjos juntos.

Depois de Deus, Maria é a nossa esperança.

É, portanto, justo chamar a Virgem de “esperança nossa”. Esperamos obter através dela o que não podemos conquistar como nossas próprias orações. Nós rezamos a ela “para sua dignidade de Medianeira supra nossa carência de méritos”. Isto sugere que colocar nossa esperança nas orações dirigidas a Maria não é duvidar da misericórdia de Deus, mas sinal de nossa própria indignidade de Deus, mas sinal de nossa própria indignidade.
A Santa Igreja, com razão, aplica a Maria as palavras do Eclesiástico quando a chama de “mãe… da santa esperança” (24,18), não da esperança inútil nos bens passageiros desta vida, mas da esperança santa dos bens incomensuráveis e eternos da vida bem-aventurada.
“Eu vos saúdo, esperança de nossas almas, salvação certas das criaturas, socorro dos pecadores, proteção dos fiéis, salvação do mundo. Depois de Deus, é em Maria que devemos colocar nossa esperança: “Depois de Deus, ela é nossa única esperança”. Na ordem atual da Providência – voltaremos a esse assunto mais adiante – Deus decidiu que quem se salva o seja apenas pela intercessão de Maria. Nossa Senhora, não cesseis de nos orientar, que vosso manto nos proteja pois, depois de Deus, não temos outra esperança senão vós. “Toda nossa confiança está em vós, ó Maria. Sob as asas de vossa piedade, protegei-nos e guia-nos”. “Vós sois nosso único refúgio, nosso socorro e nosso abrigo”.
Contemplamos o desígnio de Deus. Ela a formou a fim de nos prodigalizar suas misericórdias. O prêmio da redenção da humanidade por ele projetada foi posto entre as mãos de Maria para que ela disponha ao seu talante.

Maria, um propiciatório para o mundo inteiro.


Deus ordenou a Moisés que fizesse um propiciatório de ouro puro, para de lá lhe dirigir a palavra (cf. Ex 25,16,22). Este propiciatório a partir do qual Deus se dirige a todos, distribui suas graças, dons e perdões, é Maria: “Vós sois, ó Maria, um propiciatório para o mundo inteiro. Daí o Senhor misericordioso fala a nossos corações; daí ele nos favorece com suas palavras de bondade e de perdão; daí ele dispensa seus dons; daí nos vêm todos seus bens”. Antes de se encarnar no seio de Maria, o Verbo divino mandou ao Arcanjo obter o consentimento da jovem. Ele queria que fosse por Maria que o mundo recebesse o mistério da Encarnação. “Por que o mistério da Encarnação não se realizou sem o consentimento de Maria? Porque Deus quis que ela fosse a fonte de todo o bem”.
Todos os dons concedidos ao homem por Deus, desde do início até o final dos tempos, tudo, bens, auxílios, graças, vêm e virão pela intercessão e pela meditação de Maria. “Ó Maria, que vos não amaria, luz na hora da dúvida, consolação em meio às tribulações, refúgio nos perigos?” Vós sois tão amável e tão boa aos que vos amam! Louco e infeliz é aquele que vos recusa o amor! Na dúvida e na confusão, sois vós que esclareceis a quem a vós reza. Nas tribulações, vós consolais os que confiam em vós. Nos perigos, socorreis os que clamam por vós. “Depois de vossos divinos filhos. Ave, esperança dos desesperados, socorro dos abandonados. Ó Maria, sois onipotente: vosso Filho vos venera a ponto de atender todos as vossas vontades”.
Em Maria devemos reconhecer a fonte de todos os bens, a libertação de todo o mal: ó Maria, presente de Deus, minha única consolação, meu guia no caminho, a minha força na franqueza, minha riqueza em meio a miséria, libertadora de minhas cadeias, minha esperança de salvação, escutai as nossas preces, ouvi meus suspiros. Sois minha rainha, meu refúgio, minha vida, meu socorro, minha esperança, minha força.


Maria é a Nossa Mãe.

Com razão, aplica-se a Maria esta passagem da Sagrada Escritura: “Todos os bens me vieram junto com ela, pois uma riqueza incalculável está em suas mãos” (Sb, 7,11). Maria é a mãe e dispensadora de todos os bens. Todos podem dizer, e principalmente os que recomendam a esta Rainha, que junto com a devoção a Maria eles adquiriram todos os bens. E podemos afirmar que quem encontrara Maria encontrara todo bem, toda graça, toda virtude. Pela sua poderosa intercessão, ela alcança todo necessário para nos enriquecer com a graça de Deus. Ela dá a conhecer que tem em suas mãos todos os tesouros de Deus, tesouros da divina misericórdia, que ela distribui aos que ama: “Comigo estão a riqueza e a glória, as grandes fortunas e a justiça… para enriquecer os que me amam e encher os seus tesouros” (Pr 8, 18.21). Eis porque “Devemos manter nossos olhos voltados para as mãos de Maria, para recebermos dela os bens que desejamos”.
Quantos orgulhosos pela devoção que tiveram a Maria, tornaram-se humildes; de coléricos, suaves; antes cegos, gora enxergam; de desesperados, tornaram-se confiantes; de perdidos que eram, agora encontram a salvação! Maria nos disse em antecipação ao visitar sua prima Isabel: “Todas as gerações, de agora em diante, me chamarão feliz” (Lc 1,48). Sim, ó Maria: vós trouxestes a vida e a glória a todas as gerações; em vós pecadores encontram o perdão, os justos encontram a perseverança na graça de Deus!

Se o Senhor tivesse que falar ao mundo.

Se o Senhor tivesse que falar ao mundo, imagina-se que ele diria: “Homens, pobres filhos de Adão, vós viveis entre tantos inimigos, no meio de tantas misérias! Cuidai, pois, de venerar vossa mãe como uma afeição particular. Eu a dei ao mundo como modelo; aprendi com ela a viver uma boa vida. Eu vô-la dei como refúgio: voltai-vos para ela em vossas dificuldades. Eu a criei, diz a Deus, de forma que ninguém hesitasse em recorrer a ela, por isso a criei todo bondade a compaixão. Ela não repudia os que a ela se encomendam. Ela não recusa seus favores aos que pedem. A todos ela abre o manto de misericórdia e não despede alma alguma sem seus consolos. Louvada e bendita seja a imensa bondade de nosso Deus, que nos deu tão sublime mãe, advogada tão cheia de ternura e amor.
“Mesmo que o Senhor tivesse me reprovado, eu sei que ele não pode negar-se a quem o ama e o procura sinceramente. Eu o abraçarei com meu amor e não o deixarei antes de ganhar sua benção. Ele terá que me levar para onde for. Se nada mais eu puder fazer, me refugiarei em suas chagas. Aí ficarei e ele não me poderá encontrar fora delas. Enfim, se por causa de meus pecados o redentor me expulsasse de perto, eu iria me ajoelhar-se aos pés de Maria, sua mãe. Prosternado, não partiria enquanto ela não me obtivesse o perdão. Esta mãe de misericórdia jamais recusou-se compadecer das misérias, nem rejeitou o infeliz que clamava por auxilio. E desse modo, se não por obrigação, ao menos por piedade ele obterá de seu Filho o meu perdão. Que ternos sentimentos de confiança para com Jesus, nosso amadíssimo Redentor e Maria, nossa grande advogada.
“Olhai por nós, Mãe de misericórdia, dirigi a nós vossos olhares de piedade. Somos vossos servidores; em vós depositamos a nossa confiança”.



REFERÊNCIA DO TEXTO:
- Textos retirados do livro: “Glórias de Maria”, escrito por Santo Afonso de Ligório, com tradução para o português. Publicado no Brasil pela “Edições Logos”.

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