Salve Maria!

Sejam bem vindos!!

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Maria de Minha Infância (Padre Zezinho)

Eu era pequeno, nem me lembro
Só lembro que à noite, ao pé da cama
Juntava as mãozinhas e rezava apressado
Mas rezava como alguém que ama
Nas Ave - Marias que eu rezava
Eu sempre engolia umas palavras
E muito cansado acabava dormindo
Mas dormia como quem amava

Ave - Maria, Mãe de Jesus
O tempo passa, não volta mais
Tenho saudade daquele tempo
Que eu te chamava de minha mãe
Ave - Maria, Mãe de Jesus
Ave - Maria, Mãe de Jesus

Depois fui crescendo, eu me lembro
E fui esquecendo nossa amizade
Chegava lá em casa chateado e cansado
De rezar não tinha nem vontade
Andei duvidando, eu me lembro
Das coisas mais puras que me ensinaram
Perdi o costume da criança inocente
Minhas mãos quase não se ajuntavam

O teu amor cresce com a gente
A mãe nunca esquece o filho ausente
Eu chego lá em casa chateado e cansado
Mas eu rezo como antigamente
Nas Ave - Marias que hoje eu rezo
Esqueço as palavras e adormeço
E embora cansado, sem rezar como eu devo
Eu de Ti Maria, não me esqueço

http://www.vagalume.com.br/padre-zezinho/maria-de-minha-infancia.html#ixzz1ZIAcgQrJ
 
 

Origem da “Salve Rainha”: hino da Primeira Cruzada completado por São Bernardo








Quantas vezes dos lábios piedosos a todo momento, um pouco por toda parte, se levanta ao Céu a oração Salve Rainha! Salve Rainha, Mãe de misericórdia, vida, doçura, esperança nossa, Salve, etc., etc.

Mas, quantos sabem qual é a sua origem? Sabem que foi composta especificamente como um canto de guerra para os Cruzados?

Pois bem, eis a origem dela.

Ela é atribuída ao bispo de Puy, Dom Adhemar de Monteuil, membro do Concílio de Clermont, onde foi resolvida a primeira Cruzada.




Adhemar participou da Cruzada na qualidade de legado apostólico e compôs a Salve Rainha, ou Salve Regina em latim, para que se tornasse o canto de guerra dos cruzados.

A princípio, a antífona acabava por estas palavras: nobis post hoc exilium ostende.


A tríplice invocação que a termina presentemente foi acrescentada por São Bernardo, e merece ser narrado como se fez.

Na véspera do Natal do ano de 1146, São Bernardo, mandado para a Alemanha como legado do Papa, fazia sua entrada solene na cidade de Spira, depois de uma viagem memorável na qual os milagres foram numerosos.

O bispo, o clero, os cidadãos todos, com grande pompa vieram ao encontro do santo.
Conduziram-no, ao toque

dos sinos e dos cânticos sagrados, através da cidade até a porta da capital.

Ali, o imperador e os príncipes germânicos o receberam com todas as honras devidas ao legado do Papa.

Enquanto o cortejo penetrava no recinto sagrado, o coro cantou a Salve Rainha, antífona predileta do piedoso abade de Claraval.

Bernardo, conduzido pelo imperador em pessoa e rodeado da multidão do povo, ficou profundamente comovido com o espetáculo que presenciara.


Acabado o canto, prostrando-se três vezes, Bernardo acrescentou de cada vez uma das aclamações, enquanto caminhava para o altar sobre o qual brilhava a imagem de Maria: O clemens! O Pia! O dulcis Virgo Maria! — Ó clemente! Ó piedosa! Ó doce Virgem Maria!

Ouçamos uma das mais famosas versões em gregoriano da “Salve Rainha”, pelo Coral da TFP americana:

(Fonte: “Maria ensinada à mocidade”, Livraria Francisco Alves, Rio, 1915)


Profecias de Nossa Senhora do Bom Sucesso ‒ Quito, Equador (1)


Há 400 anos Nossa Senhora apareceu a uma religiosa espanhola no mosteiro das concepcionistas em Quito (Equador), e ordenou que se confeccionasse uma imagem sua sob as invocações do título, profetizou impressionantes acontecimentos para os séculos futuros, inclusive o nosso.

Nossa Senhora apareceu em 2 de fevereiro de 1610 a Madre Mariana de Jesus Torres, espanhola da alta nobreza, uma das oito fundadoras do mosteiro das concepcionistas de Quito, para ordenar-lhe a confecção de uma imagem a Ela dedicada. Estamos, portanto, no ano do IV centenário dessa aparição.

A milagrosa imagem de Nossa Senhora do Bom Sucesso venera-se no Monasterio Real de La Limpia Concepción, em Quito, primeiro convento de monjas contemplativas da América do Sul, fundado em 1577 sob os auspícios do rei de Espanha Filipe II.

Neste artigo serão apresentadas as importantes relações que a devocão a essa imagem tem com os dias atuais. No quadro abaixo, a apreciação de Plinio Corrêa de Oliveira sobre Ela, a ordem do universo e a civilização cristã.

Histórico das aparições

Situemo-nos no ano de 1556. Matronas da cidade de Quito, devotas de Maria Imaculada (o dogma só viria a ser proclamado em 1854), desejosas de ter em sua cidade um mosteiro de religiosas concepcionistas, pediram a Filipe II a fundação naquela colônia de um mosteiro consagrado à Imaculada Conceição.

O rei enviou, para atender a tão excelente pedido, um grupo de religiosas fundadoras, tendo à testa a Rvda. Madre Maria de Jesus Talvada, descendente de nobre e antiga casa da Galícia, e também a sobrinha desta, a cândida menina Mariana.


Soror Mariana de Jesus Torres

A par de sua candura, era Mariana notável por sua rara formosura de alma e de corpo. Grande devota do Santíssimo Sacramento, dotada do dom da profecia, conheceu as inumeráveis dificuldades e sofrimentos pelos quais passariam as religiosas; e, uma vez fundado o mosteiro, o ódio e as perseguições do demônio contra a comunidade ao longo dos séculos.

Teve ainda conhecimento de que o mosteiro duraria até o fim do mundo, e que nele haveria sempre uma alma santa, em todos os tempos. Foi-lhe também revelado que a Rainha dos Céus comunicar-se-ia com ela por meio de aparições.

A 13 de janeiro de 1577, fundava-se o mosteiro. Mariana não pôde professar na ocasião, por ter apenas 13 anos. Iniciou seu noviciado e professou aos 15, com o nome de Mariana de Jesus.

A vida de Madre Mariana de Jesus Torres é um portento de santidade. Mantinha profunda intimidade com seu anjo da guarda, e sua devoção dominante era a Jesus Sacramentado. Êxtases, visões e revelações alternavam-se com terríveis perseguições, não só do demônio como também de religiosas relapsas.

Certo dia ocorreu com suas irmãs de hábito algo muito grave. Madre Mariana sofreu em silêncio e recorreu a Nosso Senhor, comunicando-Lhe seus tormentos. O Divino Redentor apareceu-lhe e disse:

— Quando te desposei, experimentei com cuidado tua vontade.

— Senhor — respondeuMadre Mariana — minha vontade está pronta, mas a carne é fraca.

Ao que Nosso Senhor acrescentou:

— Não te faltará fortaleza, assim como não falta nada à alma que Me pede.

Nesse momento, viu ela Jesus Cristo no Gólgota, quando Ele começava a agonizar. Aterrorizada, exclamou: “Senhor, sou eu a culpada, castiga-me e poupa teu povo!”. Apareceu-lhe então a Santíssima Virgem, que lhe disse:

“Não és tu a culpada, mas o mundo criminoso. Estes castigos são para o séc. XX”. Viu então três espadas, cada uma com uma legenda: Castigarei a heresia; Castigarei a blasfêmia; Castigarei a impureza.

A Santíssima Virgem prosseguiu: “Queres, minha filha, sacrificar-te por este povo?”.

Madre Mariana respondeu: “Minha vontade está pronta”.

As espadas cravaram-se em seu coração, e ela caiu morta pela violência da dor.



Morreu verdadeiramente Madre Mariana, e foi apresentada ao juízo de Deus: o Padre Eterno regozijou-se por tê-la criado; o Filho Divino, por tê-la redimido e tomado por esposa; e o Espírito Santo, por tê-la santificado.

Estava no Céu a alma de Madre Mariana, enquanto na Terra se elevavam orações fervorosas por sua vida. Nosso Senhor, querendo atender a essas súplicas, fez Madre Mariana ver como as orações por sua vida subiam ao trono de Deus.

Apresentou-lhe duas coroas — uma de glória imortal, e a outra cercada de espinhos — enquanto lhe dizia: “Esposa minha, escolhe uma destas coroas”. E a fazia entender que, com a coroa de glória, ficaria no Céu, ao passo que com a outra voltaria a padecer no mundo.

Madre Mariana pediu que a Divina Majestade escolhesse, e não ela. Nosso Senhor respondeu:”Não. Quando te tomei por esposa, provei tua vontade, e agora faço o mesmo”.

Madre Mariana teve então conhecimento do futuro do mosteiro, das monjas que se salvariam e das que se condenariam; das imensas calamidades do séc. XX, durante o qual choveria fogo do Céu, consumindo os homens e purificando a Terra; das almas daquele mosteiro, as quais, por sua santidade, aplacariam a cólera divina.

Voltou-se então para Nossa Senhora e pediu que Ela mesma governasse o mosteiro; e aceitou retornar à Terra, tendo então escolhido, humilde e resignada, a coroa de espinhos. Regressava à vida, com seus 20 anos de idade.

Continua no próximo post

Fonte: http://aparicaodelasalette.blogspot.com/

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

LADAINHA DE NOSSA SENHORA

 



Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós.

Jesus Cristo, ouvi-nos.
Jesus Cristo, atendei-nos.
Pai celeste que sois Deus,
tende piedade de nós.
Filho, Redentor do mundo, que sois Deus,
tende piedade de nós.
Espírito Santo, que sois Deus,
tende piedade de nós.
Santíssima Trindade, que sois um só Deus,
tende piedade de nós.
Santa Maria, rogai por nós.
Santa Mãe de Deus,
Santa Virgem das Virgens,
Mãe de Jesus Cristo,
Mãe da divina graça,
Mãe puríssima,
Mãe castíssima,
Mãe imaculada,
Mãe intacta,
Mãe amável,
Mãe admirável,
Mãe do bom conselho,
Mãe do Criador,
Mãe do Salvador,
Virgem prudentíssima,
Virgem venerável,
Virgem louvável,
Virgem poderosa,
Virgem clemente,
Virgem fiel,
Espelho de justiça,
Sede de sabedoria,
Causa da nossa alegria,
Vaso espiritual,
Vaso honorífico,
Vaso insígne de devoção,
Rosa mística,
Torre de David,
Torre de marfim,
Casa de ouro,
Arca da aliança,
Porta do céu,
Estrela da manhã,
Saúde dos enfermos,
Refúgio dos pecadores,
Consoladora dos aflitos,
Auxílio dos cristãos,
Rainha dos anjos,
Rainha dos patriarcas,
Rainha dos profetas,
Rainha dos apóstolos,
Rainha dos mártires,
Rainha dos confessores,
Rainha das virgens,
Rainha de todos os santos,
Rainha concebida sem pecado original,
Rainha elevada ao céu,
Rainha do sacratíssimo Rosário,
Rainha da paz,

Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo,
perdoai-nos Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo,
ouvi-nos Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo,
tende piedade de nós.

V. Rogai por nós, Santa Mãe de Deus,
R. Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.

Oremos.
Senhor Deus, nós Vos suplicamos que concedais aos vossos servos perpétua saúde de alma e de corpo; e que, pela gloriosa intercessão da bem-aventurada sempre Virgem Maria, sejamos livres da presente tristeza e gozemos da eterna alegria.
Por Cristo Nosso Senhor.
Amém.
 
V. Rogai por nós, Rainha do Sacratíssimo Rosário,
R. Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.
 
 
Fonte:http://consagra-term.blogspot.com/2011/09/ladainha-de-nossa-senhora.html

sábado, 3 de setembro de 2011

A eficácia do Santo Rosário


 
O Rosário é uma grande coroa, e o terço é um diadema, ou uma pequena coroa de rosas celestes que se põe sobre a cabeça de Jesus e de Maria.
Não é possível exprimir como a Virgem estima o Rosário acima de todas as devoções e quanto ela é generosa em recompensar os que trabalham por pregá-lo e difundi-lo; e, pelo contrário, como Ela é terrível contra os que se opõem a ele.
Crônicas franciscanas contam que um jovem religioso tinha o louvável costume de rezar o terço diariamente, antes da refeição. Um dia, por uma razão qualquer, não o rezou e, quando tocou o sino para o jantar, conseguiu  do superior permissão para rezá-lo antes de ir à mesa.
Mas como ele demorou demais, o superior enviou um religioso para chamá-lo. Esse religioso o encontrou na cela toda iluminada por uma luz celestial, e viu a Santíssima Virgem com dois Anjos; à medida que o religioso rezava as Ave-Marias, belas rosas saíam de sua boca e os Anjos as iam pegando uma após outra, e as colocavam sobre a cabeça da Virgem, que manifestava seu agrado.
Dois outros religiosos, mandados pelo superior para ver a causa do atraso dos outros, presenciaram também o fato. A Virgem só desapareceu quando o terço estava inteiramente rezado.


Quem rezar o Rosário fiel e devotamente, até o fim da vida, ainda que seja grande pecador, pode crer que receberá uma "coroa de glória que jamais fenecerá" (Pe 5,4)

Ainda que estivésseis na beira do abismo, ainda que já tivésseis um pé no inferno, ainda que tivésseis vendido vossa alma ao demônio, ainda que fôsseis um herege empedernido e obstinado, vós vos converteríeis mais cedo ou mais tarde e vos salvaríeis - desde que rezásseis todos os dias o Santo Rosário, devotamente, até à morte, para conhecer a verdade e obter a contrição e o perdão dos vossos   pecados.

Que todos os sábios e os ignorantes, os justos e os pecadores, os grandes e os pequenos, louvem e saúdem, dia e noite, a Jesus e Maria pelo Santo Rosário.

Rezai todos os dias, com devoção, pelo menos um terço do Rosário; e estareis oferecendo uma coroa de rosas a Jesus e Maria. 

Extraído do livro A eficácia maravilhosa do Santo Rosário de São Luís Maria Grignion de Montfort



Ó minha Senhora, ó minha Mãe, eu me ofereço todo a Vós, e em prova de minha devoção para convosco, eu vos consagro neste dia meus olhos, meus ouvidos, minha boca, meu coração e inteiramente todo o meu ser.
E como assim sou vosso, ó incomparável Mãe, guardai-me e, defendei-me como coisa e propriedade vossa.
Amém.


Música Servo Por Amor


Uma noite de suor, sobre o barco em alto mar
O céu começa a clarear a tua rede está vazia.
Mas a voz que te chama te mostrará um outro mar,
E sobre muitos corações a tua rede lançarás.

Doa a tua vida, como Maria aos pés da cruz
e serás servo de cada homem,
servo por amor:
sacerdote da humanidade.

Caminhavas no silêncio, esperando além da dor,
Que a semente que tu lançavas
No bom terreno germinasse.
Mas, o coração exulta
Porque o campo já está dourado:
O grão maduro pelo sol, no celeiro pode entrar.

Doa a tua vida, como Maria aos pés da cruz
E serás servo de cada homem.
Servo por amor:
Sacerdote da humanidade.


sexta-feira, 2 de setembro de 2011

A Vida da Graça - da parte da Virgem Santíssima na vida cristã

É fora de toda a dúvida que não há mais que um só Deus e um Mediador necessário, Jesus Cristo: «Unus enim Deus, unus, et Mediator cominum, homo Christus Iesus». Mas aprouve à Sabedoria e Bondade divina dar-nos protetores, intercessores e modelos que estejam, ou ao menos pareçam estar mais perto de nós: são os Santos que, tendo reproduzido em si mesmos as perfeições divinas e as virtudes de Nosso Senhor, fazem parte do Seu corpo místico e se interessam por nós, que somos seus irmãos.
Honrá-los é honrar o próprio Deus neles, que são reflexo das suas perfeições: invocá-los é, em última análise, dirigir a Deus as nossas invocações, pois que pedimos aos Santos sejam nossos intercessores perante o Altíssimo; imitar as suas virtudes, é imitar a Jesus Cristo, já que eles mesmos não foram santos senão na medida em que produziram as virtudes do divino Modelo.



 
Esta devoção aos Santos, longe de prejudicar o culto de Deus e do Verbo Encarnado, não faz, pois, senão confirmá-lo e completá-lo. Como, porém, entre os Santos, a Mãe de Jesus ocupa um lugar à parte, exporemos qual seja o seu papel .

I. Da parte de Maria na vida cristã

1 - Fundamento da sua Missão. O papel de Maria depende da sua estreita união com Jesus, ou, por outros termos, do dogma da maternidade divina, que tem por corolário a sua dignidade e a sua missão de mãe dos homens.

A- É no dia da Encarnação que Maria é constituída Mãe de Jesus, Mãe dum Filho-Deus, Mãe de Deus. Ora, se bem repararmos no diálogo entre o Anjo e a Virgem, Maria é Mãe de Jesus, não somente enquanto este é pessoa privada, senão enquanto é Salvador e Redentor.« O Anjo não fala somente das grandezas pessoais de Jesus; é o Salvador, é o Messias esperado, é o Rei eterno da humanidade regenerada, cuja maternidade se propõe a Maria ... Toda a obra redentora está suspensa do Fiat de Maria. E disto tem a Virgem plena consciência. Sabe o que Deus lhe propõe. Consente no que Deus lhe pede, sem restrição nem condição; o seu Fiat responde à ampliação das proposições divinas, estende-se a toda a obra redentora». Maria é pois, a Mãe do Redentor, e, como tal, associada à sua obra redentora; e assim, tem na ordem da reparação o lugar que Eva teve na ordem da nossa ruína espiritual, como os Santos Padres o farão notar com Santo Ireneu.

Mãe de Jesus, Maria terá com as três divinas Pessoas as relações mais íntimas:
Será a Filha muito amada do Pai, e sua associada na obra da Encarnação; a Mãe do Filho, com direito ao seu respeito, ao seu amor, e até mesmo, na terra, à sua obediência; pela parte que terá nos seus mistérios, parte secundária, mas real, será a sua colaboradora na obra da salvação e santificação dos homens; será enfim o templo vivo, o santuário privilegiado do Espírito Santo, e, numa acepção analógica, a sua Esposa, neste sentido que, com Ele e em dependência dele, trabalhará em regenerar almas para Deus.

B -É igualmente no dia da Encarnação que Maria é constituída Mãe dos homens. Jesus, é o chefe da humanidade regenerada, a cabeça dum corpo místico, de que nós somos os membros. Ora Maria, Mãe do Salvador, gera-o todo inteiramente e, por conseguinte, como chefe da humanidade, como cabeça do corpo místico. Gera, pois, também todos os seus membros, todos aqueles que nele estão incorporados, todos os regenerados ou aqueles que são chamados a sê-lo. E assim, ao ser constituída Mãe de Jesus segundo a carne, é constituída ao mesmo tempo Mãe dos seus membros segundo o espírito. A cena do Calvário não fará senão confirmar esta verdade; no próprio momento em que a nossa redenção vai ser consumada pela morte do Salvador, diz este a Maria, mostrando-Ihe São João, e nele todos os seus discípulos presentes ou futuros: Eis aí teu filho e ao próprio São João: Eis aí a tua Mãe. Era declarar, segundo uma tradição que remonta até Orígenes, que todos os regenerados eram filhos espirituais de Maria. É este duplo título de Mãe de Deus e Mãe dos homens que deriva o papel que Maria desempenha em nossa vida espiritual.

2 – Maria Causa Meritória da Graça. Sabemos que Jesus é a causa meritória principal e em sentido próprio de todas as graças que recebemos. Maria, sua associada na obra da nossa santificação, mereceu secundariamente e somente de congruo (Esta expressão foi ratificada por São Pio X na Encíclica de 1904, em que declara que Maria nos mereceu de congruo todas as graças que Jesus nos mereceu de condigno), com mérito de conveniência, todas essas mesmas graças. Não as mereceu senão secundariamente, isto é, em dependência de seu Filho, e porque lhe conferiu o poder de merecer por nós. Mereceu-as, primeiro, no dia da Encarnação, no momento em que pronunciou o seu fiat. É que realmente a Encarnação é a Redenção começada, cooperar, pois, na Encarnação é cooperar na Redenção, nas graças que delas serão frutos, e por conseguinte, em nossa salvação e santificação.

E depois, no decurso de toda a sua vida, Maria, cuja vontade é em tudo conforme à de Deus, como à de seu Filho, associa-se à obra reparadora: É ela que educa a Jesus, que sustenta e prepara para imolação a vítima do Calvário; associada às suas alegrias como às suas provações, aos seus humildes trabalhos na casa de Nazaré, às suas virtudes, ela se unirá, por uma compaixão generosíssima, à Paixão e morte de seu Filho, repetindo o seu fiat ao pé da Cruz e consentindo na imolação daquele que ama indizivelmente mais que a si mesma, e o seu coração amante será trespassado espada de dor: «tuam ipsius animam pertransibit gladius» Que de merecimentos não adquiriu ela por esta imolação perfeita!

E continua a aumentá-los por esse longo martírio que padece depois da Ascensão de seu Filho ao céu: privada da presença daquele que fazia a sua felicidade, suspirando ardentemente pelo momento em que lhe poderá ser unida para sempre, e aceitando amorosamente essa provação, para fazer a vontade de Deus e contribuir para edificar a Igreja nascente, Maria acumula para nós inumeráveis merecimentos.

Os seus atos são tanto mais meritórios quanto mais perfeita é a pureza de intenção com que são praticados, «Magnificat anima mea Dominum», mais intenso o fervor com que cumpre em sua integridade a vontade de Deus «Ecce ancilla Domini, fiat mihi secundum verbum tu um», mais estreita a união com Jesus, fonte de todo o mérito. É certo que estes merecimentos eram antes de tudo para ela mesma e aumentavam o seu capital de graça e os seus direitos à glória; mas, em virtude da parte que tomava na obra redentora, Maria merecia também de congruo para todos, e, se é cheia de graça para si mesma, deixa transbordar essa graça sobre nós, segundo a expressão de São Bernardo:"Plena sibi, nobis superplena et supereffluens."

3 - Maria Causa Exemplar. Depois de Jesus, Maria é o mais belo modelo que é possível imitar: o Espírito Santo que, em virtude dos merecimentos de seu Filho, nela vivia, fez dela uma cópia viva das virtudes desse Filho: «Haec est imago Christi perfectissima, quam ad vivum depinxit Spiritus Sanctus». Jamais cometeu a mínima falta, a mínima resistência à graça, executando à letra o fiat mihi secundum verbum tuum. E, assim, os Santos Padres, em particular Santo Ambrósio e o Papa São Libério, representam-na como o modelo acabado de todas as virtudes, «caritativa e atenciosa para com todas as suas companheiras, sempre pronta a lhes prestar serviço, não dizendo nem fazendo nada que lhes pudesse causar o mínimo desgosto, amando-as a todas e de todas amada»

Baste-nos apontar as virtudes assinaladas no próprio Evangelho:

1) a sua fé profunda, que a levou a crer sem hesitação as coisas que o Anjo lhe anuncia da parte de Deus, fé de que a felicita Isabel, inspirada pelo Espírito Santo: «Feliz de ti que creste: Beata quae credidisti, quonicuam perficientur ea quae dicta sunt tibi a Domino»

2) a sua virgindade, que aparece na resposta ao Anjo; «Quomod: fiet istud, quoniam virtum non cognosco?» que mostra a sua firme vontade de permanecer virgem, ainda que fosse necessário para isso sacrifcar a dignidade de mãe do Messias;

3) a sua humildade, que resplandece na perturbação em que a lançam. Os elogios do Anjo, na declaração de ser sempre a escrava do Senhor no próprio momento em que é proclamada, Mãe de Deus, naquele Magnificat anima mea Dominum, que foi chamado o êxtase da sua humildade, no amor que mostra para com a vida oculta, quando, pela qualidade de Mãe de Deus, tinha direito a todas as honras;

4) o seu recolhimento interior que a leva a fixar no espírito e meditar silenciosamente tudo o que se refere a seu divino Filho. «Conservabat omnia verba haec, conferens in corde suo»
5) o seu amor para com Deus e para com os homens, que lhe faz aceitar generosamente todas as provações duma longa vida e sobretudo a imolação de seu Filho no Calvário e a longa separação desse Filho tão amado desde a Ascensão até o momento da sua morte.

Este modelo tão perfeito é, ao mesmo tempo, cheio de encanto: Maria é uma simples criatura como nós, é uma irmã, uma Mãe que nos sentimos estimulados a imitar, quando mais não fosse, para lhe testemunharmos o nosso reconhecimento, a nossa veneração, o nosso amor. E, depois, é modelo fácil de imitar, neste sentido, ao menos que Maria se santificou na vida comum, no cumprimento dos seus deveres de donzela, na vida oculta, nas alegrias como nas tristezas, na exaltação como nas humilhações mais profundas. Temos, pois, a certeza de estar em caminho perfeitamente seguro, quando imitamos a Santíssima Virgem: é o melhor meio de imitar a Jesus e obter a sua poderosa mediação.

4 –Maria Mediadora Universal da Graça. Há muito que São Bernardo formulou esta doutrina no texto tão conhecido: «Sic est voluntas eius qui totum nos habere voluit per Mariam». Importa determinar-lhe com precisão o sentido. É certo que Maria nos deu, duma maneira mediata, todas as graças, dando-nos Jesus, autor e causa meritória da graça. Mas, além disso, conforme o ensino, de dia para dia, mais comum , não há uma só graça, concedida aos homens, que não venha imediatamente de Maria, isto é, sem a sua intercessão. Trata-se, pois, aqui duma mediação imediata, universal, mas subordinada à de Jesus.

Para determinarmos com mais precisão esta doutrina, digamos com o Pe. de la Broise que «a ordem presente dos decretos divinos quer que todo o benefício sobrenatural concedido ao mundo seja outorgado com o concurso de três vontades, e que nenhum o seja de outra forma. É, em primeiro lugar, a vontade de Deus, que confere todas graças: depois, a vontade de Nosso Senhor Jesus Cristo, mediador, que as merece e obtém com todo o rigor de justiça, por Si mesmo; enfim, a vontade de Maria, mediadora secundária, que as merece e obtém com toda a conveniência, por Nosso Senhor Jesus Cristo». Esta mediação é imediata, neste sentido que, para cada graça concedida por Deus, Maria intervém pelos seus méritos passados ou pelas suas orações atuais; isto porém, não implica necessariamente que a pessoa que recebe estas graças deva implorar o socorro de Maria, a qual bem pode intervir, sem que ninguém lho peça.

É mediação universal, estendendo-se a todas as graças concedidas aos homens desde a queda de Adão; fica, porém, subordinada à mediação de Jesus, neste sentido que Maria não pode merecer ou obter graças senão pelo seu divino Filho; e assim, a mediação de Maria não faz mais que realçar o valor, e fecundidade da mediação de Jesus.

Esta doutrina acaba de ser confirmada pelo Ofício e Missa próprios em honra de Maria Mediadora, concedidos pelo Papa Bento XV às igrejas da Bélgica e a todas as da Cristandade que os pedirem. É, pois, doutrina segura, que podemos utilizar na prática e que não pode deixar de nos inspirar grande confiança em Maria.

Conclusão: Devoção à Santíssima Virgem

Desempenhando Maria papel tão importante em nossa vida espiritual, devemos ter para com Ela grandíssima devoção. Esta palavra quer dizer dedicação, e dedicação quer dizer dom de si mesmo. Seremos, pois, devotos de Maria, se nos dermos completamente a Ela, e, por Ela, a Deus. Nisto não faremos senão imitar o próprio Deus que se nos dá a nós e nos dá o Seu Filho por intermédio de Maria. Daremos a nossa inteligência pela veneração mais profunda, a nossa pela confiança mais absoluta, e nosso coração pelo amor mais filial, inteiramente todo o nosso ser pela imitação mais perfeita, que for possível, da suas virtudes.

A) Veneração Profunda. Esta veneração baseia-se na dignidade de Mãe de Deus e nas conseqüências que daí dimanam. E, com efeito, jamais nos será possível estimar demasiadamente Aquela que o Verbo Encarnado, venera como sua Mãe, que o Pai contempla com amor como sua Filha muito amada e que o Espírito Santo considera como seu templo de predileção.

O Pai trata-a com o maior respeito, enviando-lhe um Anjo que a saúda cheia de graça, e pede-lhe o seu consentimento na obra da Encarnação, à qual tão intimamente a quer associar; o Filho respeita-a, ama-a como Mãe e obedece-lhe; o Espírito Santo vem a Ela e nela tem as suas complacências. Venerando a Maria, não fazemos, pois, senão associar-nos às três divinas Pessoas e estimar o que Elas estimam. Há sem dúvida excessos que é mister evitar, particularmente tudo aquilo que porventura tendesse a colocá-la a par de Deus, ou a fazer dela a fonte da graça. Mas, enquanto a consideramos como criatura, que não tem grandeza, nem santidade, nem poder, senão na medida em que Deus lho confere, não há excesso que recear: é Deus que veneramos nela.

Esta veneração deve ser maior que a que temos para com os Anjos e santos, precisamos porque ela, pela sua dignidade de Mãe de Deus, pelo seu múnus de Mediadora, pela sua santidade, sobrepuja todas as criaturas. E, assim, o seu culto não obstante ser culto de dulia e não de latria é chamado com razão culto de hiperdulia, pois é superior ao que se tributa aos Anjos e Santos.
B)Confiança absoluta, fundada no poder e bondade de Maria.

- Este poder vem, não dela mesma, mas do seu poder de intercessão, já que Deus não quer recusar nada de legitimo àquela que venera e ama acima de todas as criaturas. Nada mais eqüitativo: tendo Maria subministrado a Jesus aquela humanidade que lhe permitiu merecer, tendo colaborado com Ele pelas suas ações e sofrimentos na obra redentora, é conveniente que tenha parte na distribuição dos frutos da Redenção; Jesus não recusará, pois, nada que ela pedir de legítimo, e assim se poderá dizer que ela é onipotente pelas suas súplicas omnipotentia supplex.
- Quanto à sua bondade, essa é a de Mãe que transfere para nós, membros de Jesus Cristo, a afeição que tem para com seu Filho; de Mãe que, tendo-nos dado à luz na dor, entre as angústias do Calvário, nos terá tanto mais amor quanto mais lhe custamos. Por conseguinte a nossa confiança para com Ela será inabalável e universal.

Inabalável, a despeito das nossas misérias e faltas. É que, na verdade, Maria é Mãe de misericórdia, mater misericordiae, que não tem que se ocupar de justiça, mas foi escolhida para exercer antes de tudo a compaixão, a bondade, a condescendência: sabendo que nos achamos expostos aos ataques da concupiscência, do mundo e do demônio, tem compaixão de nós, que não cessamos de ser seus filhos, ainda quando caímos em pecado. E assim, tanto que manifestamos o mínimo sinal de boa vontade, o desejo de voltar a Deus, ela nos acolhe com bondade; muitas vezes, até, é ela que, antecipando-se a esses bons movimentos, nos alcançará as graças que os excitarão em nossa alma. A Igreja compreendeu-o tão bem que instituiu, para certas dioceses, uma festa sob esta invocação que, à primeira vista, parece estranha, mas, na realidade é perfeitamente justificada, do Coração Imaculado de Maria, refúgio dos pecadores; precisamente porque é Imaculada e jamais cometeu a menor falta, é que Maria tem mais compaixão dos seus pobres filhos que não gozam, como Ela, do privilégio da isenção da concupiscência.

Universal, isto é, deve estender-se a todas as graças de que precisamos, graças de conversão, de progresso espiritual, de perseverança final, graças de preservação no meio dos perigos, das angústias, das dificuldades mais graves que se possam apresentar.

É esta confiança que recomenda tão instantemente São Bernardo «Se se levantam as tempestades das tentações, se vos encontrais no meio dos escolhos das tribulações, erguei os olhos para a estrela do mar, chamai a Maria em vosso auxílio; se sois sacudidos à mercê das vagas da soberba, da ambição, da maledicência, da inveja, olhai para a estrela, invocai a Maria. Se, perturbados pela grandeza dos vossos crimes, confusos pelo estado miserável da vossa consciência, transidos de horror com o pensamento do juízo, começais a soçobrar no abismo da tristeza e do desespero, pensai em Maria. No meio dos perigos, das angústias, das incertezas, pensai em Maria, invocai a Maria. A sua invocação, o pensamento dela não se afastem nem do vosso coração, nem dos vossos lábios; e, para obterdes mais seguramente o auxílio das suas preces, não vos descuideis de imitar os seus exemplos. Seguindo-A, não vos extraviais; suplicando-A, não desesperais; pensando nela, não vos perdeis. Enquanto Ela vos tem de sua mão, não podeis cair; sob a sua proteção, não tendes nada que temer; sob a sua guia, não há cansaço; com o seu favor, chega-se seguramente ao termo». E, como temos constantemente necessidade de graça, para vencer os nossos inimigos e progredir na virtude, devemos dirigir-nos muito amiúde àquela que tão justamente é chamada Nossa Senhora do Perpétuo Socorro.

C) À confiança juntaremos o amor, amor filial, cheio de candura, simplicidade, ternura e generosidade. Mas é seguramente a mais amável das mães, pois tendo-A Deus destinado para ser Mãe de seu Filho, lhe deu todas as qualidades que tornam uma pessoa amável: a delicadeza, a prudência, a bondade, a dedicação da mãe. É a mais amante, visto que o seu coração foi criado expressamente para amar um Filho-Deus e amá-lo com a possível perfeição. Ora esse amor que Ela tinha para com seu Filho, transpassa para nós que somos membros vivos desse divino Filho, sua extensão e complemento. E assim, esse amor resplandece no mistério da Visitação, em que Ela se apressa a levar a sua prima Isabel aquele Jesus que em seu seio e que, só pela sua presença, santifica toda a casa; nas Bodas de Caná, onde, atenta a tudo o que se passa, intervém junto de seu Filho, para evitar aos jovens esposos uma dolorosa humilhação; no Calvário, onde consente em sacrificar o que tem de mais caro, para nos salvar; no Cenáculo, onde exercita o seu poder de intercessão, para obter aos Apóstolos maior abundância dos dons do Espírito Santo.

Se Maria é a mais amável e a mais amante das mães, deve ser a mais amada. E, na verdade, é este um dos seus privilégios mais gloriosos; em toda a parte, onde Jesus é conhecido e amado, é o também Maria. Não se separa a Mãe do Filho; e, sem jamais se esquecer a diferença um e outro, envolvem-se na mesma afeição, posto que em grau diferente: ao Filho tributa-se o amor que é devido a Deus, a Maria, o que se deve à Mãe dum Deus :amor terno, generoso, dedicado, mas subordinado ao amor de Deus. É amor de complacência,que se goza das grandezas, virtudes e prerrogativos de Maria, repassando-as amiúde pela memória, admirando-as, comprazendo-se nelas e dando-lhe o parabém de a vermos tão perfeita. Mas é também amor de benevolência,que deseja sinceramente que o nome de Maria seja mais conhecido e amado, que ora para que se estenda a sua influência sobre as almas, e à oração ajunta a palavra e ação. É amorfilial, cheio de ilimitada confiança e simplicidade, de ternura e dedicação, chegando até àquela intimidade respeitosa que a mãe permite a seu filho. É e sobretudo amor de conformidade, que se esforça por conformar em todas as coisas a sua vontade com a de Maria e, por esse modo, com a de Deus, já que a união das vontades é o sinal mais autêntico da amizade. É o que nos leva à imitação da Santíssima Virgem.

D) A imitação é, com efeito, a homenagem mais delicada que se lhe pode tributar; é proclamar não somente com palavras, senão com atos, que Ela é um modelo perfeito, cuja imitação é para nós suprema ventura. Como, sendo Maria uma cópia viva de seu Filho, nos dá o exemplo de todas as virtudes. Aproximar-se dela é aproximar-se de Jesus; e por isso é que não podemos fazer nada mais excelente do que estudar as sua virtudes, meditá-las amiúde, esforçar-nos por as reproduzir.

Para melhor o alcançarmos, não podemos seguir método mais eficaz do que praticar todas e cada uma das nossas ações por Maria, com Maria e em Maria; per Ipsam etc cum Ipsa, et in Ipsa.

Por Maria, isto é, pedindo por meio dela as graças de que precisamos para a imitar, passando por Ela para ir a Jesus, ad Iesum per Mariam. Com Maria, isto é, considerando-A como modelo e colaboradora, perguntando-nos muitas vezes: Que faria a Mãe Santíssima, se estivesse em meu lugar? E pedindo-lhe humildemente que nos auxilie a conformar as nossas ações com os seus desejos. Em Maria na dependência desta boa Mãe, compenetrando-nos dos seus desígnios, das suas intenções, e fazendo as nossas ações, com Ela, para glorificar a Deus: Magnificat anima mea Dominum.

É com este espírito que havemos de recitar, em honra da Senhora, a Ave-Maria e o Angelus que lhe relembram a cena da Anunciação e o seu título de Mãe de Deus; o Sub tuum praesidium, que é o ato de confiança naquela que nos protege no meio de todos os nossos perigos; o Domina mea, que é o ato de entrega completa nas suas mãos, pelo qual lhe confiamos a nossa pessoa, as nossas ações e os nossos méritos; e sobretudo o Terço ou o Rosário, que unido-nos aos seus mistérios gozosos, dolorosos e gloriosos, nos permite santificar em união com Ela e com Jesus, as nossas tristezas e as nossas glórias. O Officium da Santíssima Virgem é, para as pessoas que o podem recitar, o equivalente do Breviário, e relembrar-lhes muitas vezes ao dia as grandezas, a santidade e a missão santificadora desta Boa Mãe.

Ato de Consagração total a Maria

Natureza e extensão deste ato. É um ato de devoção que contém todos os demais. Tal qual o expõe São Luís Grignion de Montfort, consiste em se dar inteiramente a Jesus por Maria, e compreende dois elementos: um ato de consagração, que se renova de tempos a tempos, e um estado habitual que nos faz viver e operar sob a dependência de Maria. O ato de consagração, diz São Luís Grignion, «consiste em se dar um todo inteiramente, em qualidade de escravo, a Maria e a Jesus por Ela». Ninguém se escandalize do termo escravo, ao qual se deve tirar todo o sentido pejorativo, isto é, toda a idéia de coração; este ato, longe de implicar violência, é a expressão do amor mais puro. Não se conserve, pois, senão o elemento positivo, tal qual o explica o Bem-aventurado: Um simples servo ou criado recebe salário, fica livre de deixar o patrão e não dá mais que o seu trabalho, não dá a sua pessoa, os seus direitos pessoais, os seus bens; um escravo consente livremente em trabalhar sem salário; confiando no senhor, que assegura sustento e abrigo, dá-se para sempre, com todos os seus recursos, a sua pessoa e os seus direitos, para viver em completa dependência dele.

Para fazer aplicação às coisas espirituais, o perfeito servo de Maria, dá-lhe, e por Ela, a Jesus:
a) O corpo, com todos os seus sentidos, não conservando senão o uso, e obrigando-se a não se servir deles senão conforme o beneplácito da Santíssima Virgem ou de seu Filho: aceita de antemão todas as disposições providenciais relativas à sua saúde, enfermidade, vida e morte.

b) Todos os bens de fortuna, não usando deles senão sob a dependência de Maria, para sua glória e honra de Deus.

c) A alma com todas as suas formalidades, consagrando-as ao serviço de Deus e do próximo, sob a direção de Maria, e renunciando a tudo que pode pôr em risco a nossa salvação e santificação.

d) Todos os bens interiores e espirituais, merecimentos, satisfações e o valor impetratório das boas obras, na medida em que estes bens são alienáveis.

Expliquemos este último ponto:

1) Os nossos méritos propriamente ditos (de condigno), pelos quais merecemos para nós mesmos aumento de graça e de glória, são inalienávis; se, pois, os damos a Maria, é para que Ela os conserve e aumente, não para que Ela os aplique a outros. Mas os méritos de simples conveniência (de congruo), como podem ser oferecidos por outrem, deixamos que Maria disponha deles livremente.

2) O valor satisfatório dos nossos atos, incluindo as indulgências, é alienável, e deixamos a aplicação deles à Santíssima Virgem. (S. Thom., Supplement, q.XIII, a.2).

3) O valor impetratório, isto é, as nossas orações e as boas obras enquanto gozam deste mesmo valor, podem ser-lhe entregues e de fato o são por este ato de consagração.

Uma vez feito este ato, não podemos dispor mais destes bens sem a permissão da Santíssima Virgem; mas podemos e por vezes devem rogar-lhe se digne, conforme o seu beneplácito, dispor deles em favor das pessoas a que nos ligam obrigações particulares. O meio de tudo conciliar é oferecer-lhe, ao mesmo tempo, não somente a nossa pessoa e os nossos bens, mas todas as pessoas que nos são caras: «Tuus totus sum, omnia mea tua sunt, et omnes mei tui sunt»; deste modo a Santíssima Virgem servirse-á dos nossos bens e sobretudo dos seus tesouros e dos de seu Filho, para socorrer essas pessoas que, assim, longe de perderem, só ganharão com a nossa consagração à Santíssima Virgem.

A excelência deste ato. É um ato de confiança absoluta, já excelente como tal, mas que ademais contém os atos das mais belas virtudes.

1) Um ato de religião profunda para com Deus, Jesus e Maria: com ele, efetivamente reconhecemos o supremo domínio de Deus, o nosso próprio nada, e proclamamos de todo o coração os direitos que Deus deu a Maria sobre nós.

2) Um ato de humildade, pelo qual, reconhecendo o nosso nada e a nossa impotência, nos desapossamos de tudo quanto Deus Nosso Senhor nos deu, restituindo-lhe pelas mãos de Maria, de quem, depois dele e por Ele, tudo recebemos.

3) Um ato de amor cheio de confiança, pois que o amor é o dom de si mesmo, e, para se dar, é necessária confiança perfeita e fé viva.

Pode-se, pois, dizer que este ato de consagração se é bem feito, freqüentemente renovado de coração, e posto em prática, é mais excelente ainda que o ato heróico, pelo qual não se abandona mais que o valor satisfatório dos próprios atos e as indulgências que se ganham.

Os frutos desta devoção. Derivam da sua natureza.



1) Por este meio glorificamos a Deus e a Maria do modo mais perfeito, pois lhe damos tudo o que somos e tudo o que temos, sem reserva e para sempre; e isto fazemo-lo da maneira que lhe é mais agradável, seguindo a ordem estabelecida pela sua sabedoria, voltando a Ele pelo caminho que Ele seguiu para vir a nós.

2) Por este meio asseguramos outrossim a nossa santificação pessoal. É que, na verdade, Maria, vendo que nós lhe entregamos a nossa pessoa e bens, sente-se vivamente estimulada a ajudar a santificar aqueles que são, por assim dizer, propriedade Sua. Obter-nos-á, pois, graças abundantíssimas, para nos permitir aumentar os nossos pequenos tesouros espirituais que são seus, e para os conservar e fazer frutificar até o momento da morte. Para isso usará tanto da autoridade do seu crédito sobre o coração de Deus, como da superabundância dos seus méritos e satisfações.

3) Enfim a santificação do próximo, e sobretudo as almas que nos estão confiadas, não pode deixar de lucrar com isto; confiando a Maria a distribuição dos nossos méritos e satisfações segundo o seu beneplácito, sabemos que tudo será empregado da maneira mais acertada; Ela é mais prudente, previdente e dedicada que nós; por conseguinte, os nossos parentes e amigos só podem lucrar com isso.

Objeta-se que por este ato alienamos todo o nosso haver espiritual, sobretudo as nossas satisfações, as indulgências e sufrágios que poderiam oferecer por nós, e que assim poderíamos ficar longos anos no purgatório. Em si, é verdade; mais é uma questão de confiança: temos nós, sim ou não, mais confiança em Maria que em nós mesmos e em nossos amigos? Se sim, não receemos nada: Ela terá cuidado da nossa alma e dos nossos interesses, melhor do que nós o poderíamos fazer; se não, não façamos este ato de consagração total, de que poderíamos a vir mais tarde a arrepender-nos. Em todo o caso, não se deve fazer este ato senão depois de madura reflexão, e de acordo com o próprio diretor.

*****

Segundo, TANQUEREY, Adolph: A Vida Espiritual Explicada e Comentada. Anápolis: Aliança Missionária Eucarística Mariana, 2007. pgs. 123 -135).

Maria, modelo de Modéstia

Do Blog Maria Rosa


São Pedro Julião Eymard
Exteriormente é modesta. Não se faz notar pela severidade nem pela negligência. Sempre humilde e mansa, traz o sinal da simplicidade em tudo que realiza.
Modesta em relação ao mundo. Maria sacrifica com generosidade a condição de gestante; vai imediatamente, vencendo grande distância, visitar sua parenta Isabel, levando felicitações e auxílio. Durante três meses acompanha e serve, trazendo grande alegria ao lugar. Somente quando a glória do Filho exigir aparecerá em público. Assistirá às bodas de Caná sem nenhum privilégio. A modéstia faz com que pratique a caridade de acordo com a ocasião.
Modesta no cumprimento dos deveres. Desempenha com suavidade, sem precipitações, sempre alegre e disposta a abraçar uma nova obrigação; não deixa transparecer as contrariedades, não busca consolações e pela naturalidade não atrai a atenção dos demais. Modelo exemplar para os adoradores do Santíssimo Sacramento; cuja vida se compõe de pequenos atos e de pequenos sacrifícios, que somente Deus deve conhecer e recompensar; cuja glória e conforto consistem na filial e humilde dedicação no cumprimento dos deveres, ambicionando agradar o Mestre pela contínua imolação de si mesmos.
Modesta na piedade. Elevada ao mais alto grau de contemplação que uma criatura possa atingir, vivendo no constante exercício do perfeito amor, exaltada acima dos anjos e constituída Mãe de Deus, mesmo com todas essas prerrogativas, serve o Senhor com simplicidade; sujeita-se às prescrições da lei, assiste às festas, reza junto com os demais fiéis; em nada se faz notar, nenhum exercício exterior demonstra sua piedade e o seu fervor. Assim deve ser a piedade do cristão: comum em suas práticas, simples em seus meios, modesto no agir, evitando chamar a atenção, fruto sutil do amor próprio que leva à vaidade e à ilusão.
Modesta nas virtudes. Possui todas as virtudes em grau supremo, praticados com suma perfeição, embora de forma simples e usual. Em todos os favores recebidos, a humildade vê somente a bondade de Deus, somente agradece.
Agradecimento escondido e sem glória humana. Pode, porventura, vir coisa boa de Nazaré? (Jo 1, 46). Ninguém presta atenção em Maria, passa totalmente desapercebida.
Eis o segredo da Perfeição: a simplicidade, mesmo quando ignorada, sabe conservá-la. Uma virtude acentuada fica exposta, uma virtude louvada pode trazer a ruína; a flor que mais chama a atenção, murcha depressa. Afeiçoemo-nos às pequenas virtudes de Maria de Nazaré, que germinam aos pés da cruz, à sombra de Jesus; deste modo, não temeremos as tempestades que abatem os cedros nem o raio que cai no cimo da montanha.
Modesta nos sacrifícios. Aceita em silêncio e conformidade o exílio no Egito. Diante da dúvida de José, permanece em silêncio, confia na Providência. Traspassada pela dor, acompanha o Filho que carrega a cruz, não grita nem lamenta exteriormente. No Calvário, mergulhada em sua dor, sofre calada e se despede do Filho num olhar mudo.
Para ser filhos desta Mãe, devemos nos revestir de modéstia, deve ser tema usual de nossa meditação. A modéstia é virtude régia de um adorador do Santíssimo Sacramento, pois fornece a exterioridade dos sentidos na presença de Deus.
(Extraído da Obra Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento: Um mês com Maria, de São Pedro Julião Eymard, Editora Formatto, 2008, p.50-53)